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Toda eleição fornece uma
pergunta e ao seu final dá uma resposta. Cabe ao político identificar qual é
essa questão
Cada eleição é igual a
todas as outras e - ao mesmo tempo - diferente de todas as outras. As duas
afirmações são igualmente verdadeiras
Definir a questão e torná-la sua é quase uma vitória antecipada.
Cada eleição reproduz o mesmo roteiro básico, no interior do qual os
candidatos, a mídia, e os eleitores, praticam rotinas mais ou menos
previsíveis, usando um mesmo lastro comum de técnicas e métodos de campanha.
Porém, há uma variação entre si na forma como usam estes procedimentos.
Cada eleição, contudo, ocorre num momento que é único e singular.
Os fatos e sentimentos que circunstanciam cada eleição, portanto, fazem
com que elas sejam diferentes entre si. São diferenças decorrentes da própria
dinâmica política que ocorreu no espaço do último mandato; de fatores
regionais, nacionais ou mesmo internacionais que atingem a população; a pessoa
dos candidatos, sua imagem e biografia; as mudanças culturais que removem
certos temas do debate e introduzem outros; e, o que é mais importante, a forma
como o eleitor reage a estas novas circunstâncias.
Na realidade, toda a eleição propõe uma pergunta e, ao seu final dá a
resposta àquela pergunta.
O objetivo de cada candidato é o de tornar sua aquela pergunta e fazer
prevalecer a convicção de que a única forma de respondê-la adequadamente lhe
seja favorável.
A habilidade de um candidato para definir a "questão" da
eleição como lhe convém, impô-la aos adversários e respaldá-la na opinião
pública, equivale a uma vitória antecipada. Não é nada fácil conseguir realizar
este objetivo.
Em primeiro lugar, ele é um problema intelectual, de natureza
estratégica. Dependerá da qualidade do seu trabalho estratégico resolver o
enigma intelectual que a pergunta propõe. Supondo-se que esta dificuldade tenha
sido bem resolvida, é preciso, em segundo lugar, ter sucesso em impô-la
aos adversários. Este é um desafio de grandes proporções, já que, a sua
maneira, com maior ou menor habilidade, todos estão tentando o mesmo.
Como se vê, pautar a campanha com a sua pergunta, é uma tarefa difícil e
de grande complexidade. Não obstante, deve sempre ser buscada pelos candidatos.
O fato é que cada eleição acaba por encontrar a sua pergunta básica, a
questão principal, em torno da qual os candidatos são comparados. Se você não
conseguir impor a sua, ou seus adversários conseguirão, ou a mídia vai impô-la.
O caminho mais curto, mais seguro, e mais eficiente é começar pelo fim.
Você deve buscar a "questão" da eleição junto aos eleitores. Este é o
atalho estratégico que, uma vez encontrado, e, quanto mais cedo for encontrado,
outorga-lhe as condições de pautar a campanha. Identificando as opiniões dos
eleitores, sobre o cargo, sobre os candidatos, sobre os problemas
prioritários, sobre suas expectativas e sua disposição inicial de voto, você
está estabelecendo um piso sólido, sobre o qual irá edificar sua estratégia e
suas propostas.
Francisco Ferraz