Francisco Ferraz
Este é um erro no qual muitos assessores incidem por
ambição ou vaidade assim como por engenho e zelo. Ambição e vaidade são fácil
de imaginar, já engenho e zelo exige uma explicação. No esforço para agradar o
chefe, para impressioná-lo com seu talento e trabalho, muitas vezes avança-se,
sem perceber, em território perigoso e logra-se o contrário do que se
pretendia.
Ser derrotado é
sempre odioso, e ser derrotado por um dos seus subordinados costuma ser
intolerável para o chefe. Tentar impor, ou deixar que se imponha, a sua
superioridade intelectual sobre seu chefe é, no mínimo, uma tolice cujas consequências
podem ser fatais para sua posição.
A superioridade é
sempre odiosa, especialmente para os superiores e para os governantes que,
supostamente, em razão de sua posição hierárquica, devem saber mais que seus
auxiliares. A maior parte das pessoas aceita bem ser superado em matéria de
sorte, aparências, temperamento. Mas ninguém, muito menos o superior e mais
ainda o governante, suportam ser superados no plano intelectual por um
subordinado, pois a qualidade intelectual é a “rainha das virtudes”, a marca da
superioridade, nas questões de governo.
Todas as pessoas
têm as suas inseguranças. Quando alguém expõe o seu talento, a sua qualidade
intelectual, ele agita, em torno de si, todos os tipos de ressentimentos,
inveja e inseguranças. Cada um que presencia a exposição do talento estabelece
comparações com o seu desempenho. Com seus iguais e inferiores, nada a fazer.
Com seus superiores, entretanto, tudo é diferente. Quando se trata de
poder, brilhar mais que o chefe, é sempre o pior erro.