Pela
primeira vez desde que assumiu o comando do país, a presidente Dilma Rousseff
não discursará em rede nacional de rádio e televisão no 1º de Maio, quando se
comemora o Dia do Trabalho, disse nesta segunda-feira o ministro da Comunicação
Social, Edinho Silva.
O ministro afirmou que o objetivo é usar outros "modais de
comunicação" e que no 1º de Maio Dilma dialogará com a sociedade pelas
redes sociais.
"Pela primeira vez ela vai utilizar as redes sociais para
fazer a sua manifestação em relação ao Dia do Trabalhador", disse o
ministro a jornalistas, após uma reunião de coordenação política.
"A presidenta não precisa se manifestar apenas pela cadeia
de televisão", afirmou ele, acrescentando que Dilma utilizará transmissões
de pronunciamentos em cadeia nacional "quando for necessário".
O ministro negou que a decisão, tomada por unanimidade na
reunião realizada nesta segunda-feira, em Brasília, tenha sido resultado do
panelaço promovido em várias cidades do país contra a presidente durante a
transmissão do seu pronunciamento no Dia Internacional da Mulher, em março.
"A presidenta não teme nenhuma forma de manifestação
oriunda da democracia", disse Edinho.
O ministro aproveitou para reafirmar que o governo tem
"toda a preocupação" em manter os direitos e benefícios trabalhistas
e que as áreas sociais não serão atingidas por cortes, mesmo diante do esforço
fiscal que o Executivo vem empreendendo.
INVESTIMENTOS
A reunião de coordenação desta segunda-feira serviu ainda para
que os participantes fizessem um balanço de outro encontro com a presidente, no
sábado, em que ficou definido que cada pasta iria detalhar projetos de
infraestrutura prioritários para o lançamento de um plano de investimentos.
"Nós começamos a definição dos projetos área por área, o
que criou uma agenda de trabalho para cada ministério para que num curto prazo
possam apresentar de forma detalhada os projetos e para que a presidenta Dilma
possa anunciar um plano de investimentos do nosso país já num período, aí,
talvez, de semanas", afirmou.
Segundo o ministro, os modelos de investimento serão definidos
de acordo com a particularidade de cada área e projeto.
Para Edinho, é "prematuro" falar em valores para o
programa de investimentos. Ele não confirmou a cifra que vem sendo declarada
pelo líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), de 150
bilhões de reais.
"Eu não confirmo. Talvez o líder esteja trabalhando com
alguma informação de algum estudo a que ele teve acesso, mas eu acompanhei por
todo tempo a reunião de sábado, e a reunião teve por objetivo cada área
apresentar as suas prioridades", disse Edinho.
O ministro afirmou que não foi possível tratar dos projetos de
todas áreas na reunião de sábado. A expectativa é de que as demais áreas que
não puderam se manifestar naquela ocasião sejam ouvidas nesta semana.
POLÍTICA
Ao ser questionado sobre as divergências que os presidentes da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), têm
demonstrado, Edinho afirmou que não há necessidade de encarar a situação como
"um problema".
"É natural que haja diálogo entre as duas Casas, é natural
que muitas vezes haja posicionamentos diferentes entre os dois
presidentes", disse.
Os dois presidentes vêm apresentando posições diferentes em
declarações públicas. A mais recente diz respeito a um projeto que regulamenta
a terceirização de trabalhadores.
Cunha deu impulso à proposta que tramitava há 11 anos na Câmara
e conseguiu concluir a votação em plenário, enquanto Renan se posicionou contra
uma regulamentação "ampla, geral e irrestrita" e já comentou com
interlocutores que não concorda com a "pressa" conferida à proposta.