Por
Carlos Chagas
Dois dias sem futebol, ontem e hoje,
poderão levar o cidadão comum a desviar sua atenção para a política? Nem
pensar. O desinteresse diante das eleições é geral. Talvez por isso, e também
por detalhes da lei eleitoral que começaram a valer no primeiro dia do mês, a
presidente Dilma Rousseff tenha diminuído o ritmo de suas viagens aos estados,
ao tempo em que Aécio Neves continua adiando o início de suas caravanas pelo
país e Eduardo Campos não se animou a percorrer o interior de São Paulo, como
estava previsto.
O importante a saber é se a
pasmaceira política nacional deve-se à Copa do Mundo ou a fatores mais densos,
como a rejeição à classe política e a indignação diante do governo e de
qualquer tipo de autoridade. Passageiro ou permanente, registre-se esse sentimento
de alienação do eleitorado. Não que a maioria vá deixar de votar, em outubro,
mas, ao menos por enquanto, sem aquele entusiasmo de eleições anteriores.
Afinal, estamos a três meses do mais importante e significativo evento político
do país, a escolha do presidente da República, dos governadores, do Congresso e
das Assembleias estaduais. Alguém será capaz de referir não propriamente
programas dos candidatos, mas uma simples promessa capaz de interessar a nação?
Não é de graça que o noticiário político
continua dando realce a denúncias de corrupção, ou seja, privilegia o veneno
sem cuidar do antídoto. Falta aos candidatos, em todos os níveis, mensagens de
esperança aos eleitores, capazes de sensibilizá-los. A impressão é de que não
adianta acreditar em coisa alguma: os políticos são os mesmos e as
expectativas, inexistentes.
Os adeptos do turfe, cada vez mais
raros, ainda pensam na reta final, quando as arquibancadas se levantam nos
hipódromos. Pode ser que em setembro a situação mude, mas garantir, ninguém
garante, nessa corrida que parece mais para pangarés do que para puros-sangue.
Em suma, conclui-se que o Brasil
continua, tanto faz quem venha a ocupar o palácio do Planalto ou que partido
conquistará maioria no Legislativo. Ao contrário da dúvida a respeito de quem
venha a levantar a taça de campeão da copa. Se formos nós, aparecerão gaiatos
gritando “Felipão para Presidente!”