As vitórias da seleção poderia, mas não mudou o estado geral de revolta. Os
protestos da juventude mais esclarecida da incipiente classe média como indicam
as sondagens no meio dos manifestantes, contagiou o descontentamento geral.
A reação de estupor com o despreparo da presidente – até então calçada em
índices de aprovação elevados – mostrou sua fragilidade, pouca e insuficiente
consistência. A tese de “poste”, abandonada depois de sua eleição e que se
limitava a círculos restritos, volta agora com veemência. Sinais de equívocos
imperdoáveis, falta de leitura dos sinais da conjuntura, de um mundo em mutação
e sem fronteiras. Com o acesso ao primeiro degrau do consumismo, a massa
controlada e quieta se transformou em massa crítica. Apenas começou a
fermentar.
Culpas
também para a oposição sem verve, sem apetite, que não consegue catalisar
apoios sem programas e propostas claras, e está assim sendo jogada na mesma
vala.
Agora,
com a presidente encurralada no Palácio, o pensamento da população é apenas de
reforma, urgente e drástica. Depois da fúria, o que acontecerá? Espera-se que
esse descontentamento se alastre por todas as camadas sociais – “éramos
traídos” –, que deságue num beneficiário. Alguém que fique no fundo do cadinho
desse processo alquímico.
Por Vittorio Medioli do Jornal O Tempo