Iniciei há dois meses contatos com alguns políticos e pré-candidatos sob o propósito de atendê-los como consultor para as próximas eleições. O cenário por mim encontrado foi desolador: a maioria esmagadora dos digníssimos ainda está parada no tempo naquilo que se refere à abordagem e à conquista do eleitor e, conseqüentemente, ao seu tão cobiçado voto.
Eles não sabem se comunicar com as novas classes B e C que ascenderam nos últimos anos e que não estão mais atrás de uma cesta básica, uma dentadura ou uma pintura de muro. As novas classes B e C têm conta em banco, cartão de crédito, possuem computador e acesso à internet em casa e ainda pagam suas contas em dia.
Daí você pergunta: "foi graças aos governos do PT que eles conseguiram esta ascensão?" A resposta é NÃO. Eles conseguiram ascender graças à percepção de que o Estado não pode nada e eles, sim; classes B e C (antes menos favorecidos) podem tudo, pois para ocupar um cargo no Estado é necessário prometer, compor, gastar aquilo que não é seu, mentir e torcer para que as coisas fiquem cada vez pior, enquanto para ascender de menos favorecido à classe B é bem mais fácil — basta acreditar em si próprio, aproveitar oportunidades e transformá-las em realização, algo que promessas não resolvem, algo que transcende a vontade (no caso, vontade política); trata-se de responsabilidade com os seus, sentimento que não existe na maioria dos políticos.
Por Walter Aguiar
Consultor de marketing político e diretor geral da FSB Marketing e Associados