O que define um líder é exatamente a qualidade oposta: a sua capacidade de dirigir outros, de comandá-los. Na linguagem da frase, de ser seguido pelos outros. Ordinariamente o líder ocupa uma posição de "vanguarda" em relação aos seus liderados. À frente deles, em conhecimento, visão estratégica, acesso a meios de influência, exerce uma atividade de informação e persuasão sobre os liderados. Esta característica de vanguarda é a marca registrada da liderança.
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| O líder tem visão estratégica, conhecimento e acesso a meios de influência |
É pela importância da função exercida pelo líder no interesse de seus liderados, que a ele são tributados especial respeito, poderes e autoridade.
Existem situações em que a liderança se apropria destes privilégios em termos pessoais, para exercer poder absoluto sobre a organização, ou para beneficiar-se deles como pessoa privada. Estes são os casos extremos e patológicos de domínio da liderança sobre os liderados. O primeiro caso podemos chamar de distorção "autoritária", o segundo de distorção "fisiológica".
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Um líder pode abdicar de sua função de comando para tornar-se apenas um "porta voz" dos sentimentos de seus liderados. |
Este tipo de liderança opera num espaço muito reduzido e muito vigiado. Detém muito pouca ou nenhuma autonomia e não se atreve nunca a contrariar seus liderados. A condição do exercício da liderança é a absoluta sintonia com os sentimentos e emoções do seu público.
Quando surge uma situação de conflito potencial, entre as suas convicções e os sentimentos da massa, ainda que esteja convencido do acerto de sua visão, não tem escolha: ou adere ao sentimento geral, ou perde a liderança, para outro populista, em tudo igual a ele. O argumento - eivado de sofisma - é aquele ilustrado pela frase: "Sou o líder deles, logo devo segui-los".
Francisco Ferraz

