A palavra “mudança” em Araripina virou motivo de piadas, já que tal esperança de “mudança” anunciada nos tempos de campanha do atual prefeito Lula Sampaio (foto), não se cumpriu. Se mudamos, (mudamos muito, para pior). O que vemos é um misto de incompetência, desorganização e má vontade. Tolos foram os que acreditaram nas boas intenções verbalizadas em cima dos palanques de campanha... As regras do jogo tem sido sempre as mesmas, só mudaram os jogadores.
São conhecidas várias histórias de eleitores que arriscaram suas vidas, sendo ameaçados até mesmo de morte por conta de seus ânimos partidários. Muitos venderam sua dignidade por conta de um emprego mesquinho, e alguns outros por largos privilégios. Houve/há muitos funcionários despreparados, enquanto boa parte da população araripinense sofria/sofre uma verdadeira diáspora em busca de emprego e melhor qualidade de vida, deixando suas famílias para se aventurarem mundo afora. Suspeita/suspeitava-se de casos de emissão de notas frias ou superfaturadas no intuito de beneficiar um comerciante amigo ou familiar do gestor, enquanto o comércio local definha/definhava devido à inerte situação econômica do município.
A educação municipal é historicamente de péssima qualidade, figura na “lanterninha” dos indicadores nacionais, a saúde é igualmente ruim. Infra-estrutura?? Emprego e renda??? Ao povo araripinense, apenas migalhas, e esporadicamente pão e circo para manter o status no qual é favorável à dominação...
A maioria da população tem a tendência de esperar (apenas esperar) que alguma mudança em suas vidas venha de fora, venha de cima, numa espécie de arrebatamento extraterrestre. A maioria vê a administração pública como uma espécie de vitrine, são apenas expectadores (às vezes nem isso).
Por muitos anos viu-se uma disputa acirrada entre Lula x Bringel. A oposição entre os grupos muitas vezes beirava o confronto. A população local, que nunca teve uma organização social, esteve por muitos anos dividida em grupos liderados por interesses supostamente antagônicos.
Enquanto isso, os dois principais caciques políticos da cidade Lula e Bringel (foto), hoje são milionários. Todos sabem que não é possível esse acumulo de riqueza somente com o salário das funções públicas ou empregos que ocuparam. Existe uma rede de privilégios (e muitas vezes ilegalidades) que canalizam recursos públicos para fortunas pessoais.
Bringel e Lula Sampaio, após o fracasso de Bringel na última eleição para deputado estadual, resolveram unir forças, aparentemente sem qualquer pesar com a massa de eleitores que literalmente brigavam entre si há tempos atrás. Definem estratégias conjuntas, estão do mesmo lado (na verdade, sempre estiveram), na tentativa de se salvarem.
O fato veio a ser consumado na ultima eleição para presidente da Câmara de Vereadores, aonde os dois caciques se uniram para eleger o presidente da Câmara, que é Zé Bolacha (foto), o afilhado político de Bringel. O que dirão os correligionários de ambos os grupos?? Nada, ou quase nada. São quase todos omissos, a maioria compactua dessa estratégia. Dignidade e coerência são valores abstratos, o que importa é a possibilidade de um cargo comissionado...
O fato é que pouca coisa mudará se não houver participação e iniciativa popular, se o egoísmo e as diferenças não forem superadas em busca do bem comum, de solucionar problemas coletivos. Como diz Bertold Brecht, “coitados os povos que precisam de heróis”. Pensar assim não é utopia, é objetividade. Transformações autênticas se dão horizontalmente, com a mobilização social.
Outrora eles poderiam ter se unido publicamente para buscar uma sinergia, contribuir para o desenvolvimento da cidade. Fizeram teatro durante toda a suas carreiras políticas, por que ser “inimigos” foi uma estratégia eficiente de mantê-los alternadamente no poder. Hoje se unem, porque assim lhes convêm.
E Araripina segue, sem perspectivas, a mercê de velhos e novos aproveitadores. Um verdadeiro circo. Eles fazem todo o malabarismo. E nós somos os palhaços.
Aparecido Santos