Ele propõe a atualização do programa do Partido e busca apoio para mudança
Aécio Neves está de volta e, defendendo a polêmica tese de “refundação” do PSDB visando recuperar a sua identidade. Para ele o Partido deve refazer o seu programa e, no novo texto, seriam defendidas sem constrangimentos as privatizações do governo Fernando Henrique, além de também definido claramente que empresas como Banco do Brasil e Petrobras devem ser preservadas como estatais, evitando novas polêmicas políticas, como tem ocorrido em campanhas eleitorais numa pregação que procura desgastar o Partido.
No Senado
Para Aécio que participou do programa Roda Viva e concedeu entrevista à Folha de S. Paulo, além das reformas estruturais, as atenções no Senado deverão estar voltadas em 2011 para uma posição clara sobre as grandes reformas e uma "aguerrida" na defesa das instituições democráticas, da ética e na fiscalização dos atos do Executivo.
Sobre a tese da refundação do Partido, Aécio diz ainda que até maio, quando se realiza uma convenção partidária, haveria oportunidade de refazer e atualizar o programa do PSDB. E adianta que vai sugerir um grupo de três notáveis (e sugere FHC, José Serra e Tasso Jereissati) para coordenar essa refundação, além de conduzir as conversas com setores da sociedade visando construir um novo programa partidário.
O novo senador mineiro propõe ainda que, no debate político, se fale sobre as privatizações sem constrangimento, mostrando a importância delas nas telecomunicações, crescimento da Embraer e Vale, por exemplo, mas assegurando que existem empresas estratégicas do Estado que não estarão sujeitas a qualquer discussão nessa direção, como o Banco do Brasil e a Petrobras, alvo de repetidas explorações políticas.
Pacto
Sugere ainda um novo pacto federativo. Defende a criação de novos critérios para cargos de confiança, profissionalização do funcionalismo público e um forte enxugamento dos cargos de confiança do governo. Deverão fazer parte desse novo programa também a defesa da liberdade de imprensa e dos próprios valores democráticos, questões como a da reforma política e o voto distrital misto. Uma política externa baseada no tripé que passa pelas relações com países que defendam democracia, os direitos humanos e respeitem nossos interesses comerciais também está incluída na proposta do senador mineiro.
Nova linha
Para Aécio há como exercer uma oposição aguerrida na defesa das nossas instituições, da democracia e uma fiscalização permanente do governo, colocando limites em eventuais excessos. E, ao mesmo tempo, exercer uma oposição propositiva, que apresente propostas em torno de uma agenda de Estado, e não de governo. Aí entrariam na pauta as grandes reformas. Para Aécio o PSDB não deverá fazer uma oposição raivosa no Congresso como a exercida pelo PT ao governo FHC, votando contra tudo. E observa que o próprio PT deve ter aprendido com isso.
Com Alckmin
Aécio e Alckmin durante o almoço em São Paulo trocaram ideias sobre o momento político e o futuro do PSDB. Aécio insistiu na unidade partidária e defendeu a necessidade do PSDB atuar como uma oposição propositiva e inteligente. "Nós vivemos momentos diferentes. O partido foi fundado na década de 80 e hoje nós estamos em um outro momento. Então, é importante atualizar o programa partidário (do PSDB) para fazer uma oposição propositiva, inteligente, que ajude o Brasil", observou o novo senador tucano. E assinala que "o nosso programa foi construído em cima de uma realidade que não é mais a do Brasil. Então, isso tem de ser visto de forma absolutamente natural", sugerindo ao PSDB que o processo de refundação não tarde e seja coordenado pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, pelo ex-governador José Serra e pelo senador Tasso Jereissati. "É fundamental que contemos para a reconstrução do projeto do programa partidário com as principais lideranças do partido", disse ele, defendendo a unidade da legenda. "Nós sabemos que a nossa unidade é essencial para que nós possamos construir um projeto viável para o Brasil."
O senador eleito por Minas Gerais pregou ainda a defesa pelo PSDB do que chamou de "ideias novas", como uma economia sustentável, a profissionalização do setor público e a qualificação de jovens. E o importante: no encontro, Alckmin e Aécio acertaram os temas que serão discutidos, na quarta-feira da próxima semana entre os oito governadores eleitos pelo PSDB. O evento será realizado em Maceió e visa afinar o discurso da oposição ao governo de Dilma Rousseff.
Os Conselhos de Lula.
A pouco tempo da transmissão de cargo, Lula destacou em discurso o que chamou de “lição do jeito republicano de governar”: a atenção a “todos”, incluindo aqueles de quem “não se gosta”. No seu entender a presidente eleita Dilma Rousseff aprendeu a lição: “A lição que fica de tudo isso é o jeito republicano de governar: só se dá quando tem mente aberta. Ganhar a presidência da República não dá direito de só colocar os teus no governo. A grandeza não é atender os teus, é atender os outros sem perguntar para onde vão. Apenas respeitar que mesmo que você não goste, [ele] foi eleito tão democraticamente quanto aquele que você gosta, é assim que a Dilma vai governar”, assinalou. Lula também recomendou aos prefeitos e governadores que “só” cheguem a Brasília pedindo recursos federais se tiverem “projetos factíveis” em mãos.
“Não é choradeira de um prefeito que faz dinheiro. Os prefeitos precisam aprender a fazer projeto. Porque tentar dinheiro sem projeto, não há possibilidade”.