quarta-feira, 22 de março de 2017

POLÍCIA FEDERAL REAGE A CRÍTICAS DO PRESIDENTE TEMER E MEMBROS DO GOVERNO: “DEIXEMOS O TEMPO FALAR”, DISSE UM MEMBRO DA INVESTIGAÇÃO

Após críticas do presidente Michel Temer e do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que minimizaram as denúncias feitas pela Operação Carne Fraca e que chegaram a questionar a maneira como as informações foram abertas à sociedade, a Polícia Federal reagiu. Membros da equipe ligada à operação que apura supostas irregularidades na inspeção de alguns dos principais frigoríficos do País, rebateram as críticas à investigação feitas pelo setor e pelo Governo Federal. “Deixemos o tempo falar”, disse um membro da investigação.
Os investigadores afirmam que ainda há muito material sob sigilo, e que a operação deve ter desdobramentos mais adiante. No último domingo, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, criticou a PF por “erros técnicos” e o Governo Federal procurou minimizar o alcance da investigação. “O governo está se precipitando. As críticas virão, mas em breve serão superadas”, afirmaram.


Contestando

Para os investigadores, o governo está se precipitando. A equipe também relativizou a informação de que apenas um frigorífico teve a carne periciada na investigação.

Segundo os investigadores, a realização de perícias em diversas empresas comprometeria o sigilo da operação -por isso, durante a fase de apuração, optou-se por apenas uma amostra.

A equipe sustenta, porém, que há provas do envolvimento de outros frigoríficos na produção e venda de carnes adulteradas e no pagamento de propinas a fiscais do Ministério da Agricultura. Todas as empresas que foram alvo de busca e apreensão na última sexta-feira tiveram material coletado, que será analisado e fará parte das provas da operação.

Além disso, os investigadores ressaltam que há suspeita de irregularidades até mesmo nos laboratórios que fazem análises para os frigoríficos e estão credenciados pelo Ministério da Agricultura.


Impacto

Para evitar que o impacto econômico gere também um desgaste político, Temer tem trabalhado para evitar a saída do diretor-geral da PF, Leandro Daiello, que desde o início do ano tem dado sinais de que pretende deixar o cargo.

A operação causou irritação no Planalto, para quem ela foi "exagerada", mas a avaliação é que a troca agora poderia criar uma nova dor de cabeça: a suspeita de que uma substituição poderia estar relacionada à Lava Jato. Além do impacto na balança comercial, o governo receia que a crise da carne afete a expectativa do mercado financeiro de recuperação da economia.

Folha PE