sexta-feira, 4 de novembro de 2016

SEM CRISE: MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES TERÁ MAIS DE 30 BILHÕES PARA INVESTIR EM TECNOLOGIA DE BANDA LARGA NO BRASIL ATRAVÉS DA ANATEL


Nota técnica publicada esta semana pelo Ministério do Planejamento calcula que a aprovação do Projeto de Lei 3.453, do deputado federal Daniel Vilela (PMDB-GO), deve injetar R$ 34,6 bilhões na economia brasileira nos próximos anos. O valor corresponde a quase 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e viria por meio de investimentos externos e internos na modernização e ampliação da infraestrutura de telecomunicações do País, com ênfase na rede de banda larga. O setor de Telecom é responsável pela geração de 500 mil empregos diretos e indiretos no Brasil.

A proposta já foi aprovada pela Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara e pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O PL 3.453 prevê a modernização da Lei Geral de Telecomunicações (LGT), transformando o regime de prestação do serviço de telefonia fixa em autorização, como já ocorre com a telefonia móvel. Atualmente, o serviço é oferecido por meio de concessão, o que, na avaliação de especialistas e investidores do setor, trava aporte de novos recursos pela insegurança jurídica e obrigações anacrônicas dos contratos, que vencem em 2025. 

“Como o setor serve de insumo para muitas áreas da economia, uma política pública que tenha como foco um novo ciclo de investimentos pode ser o primeiro passo em direção à recuperação econômica”, diz a nota do ministério sobre a proposta, acrescentando que as mudanças permitiriam às empresas concorrerem em igualdade de condições. O estudo defende que a legislação tem de ser alterada nos moldes propostos pelo deputado peemedebista, sob pena de travar melhorias no serviço, em especial a banda larga, cuja rede é compartilhada com a telefonia fixa. 

Daniel Vilela é deputado federal (PMDB-GO) e autor do projeto de lei 3.453/2015, que trata de alterações no regime de prestação do serviço de telefonia fixa e banda larga no Brasil

Diversas pesquisas recentes apontam que a internet brasileira é uma das piores do mundo em termos de capilaridade e velocidade. “Quando foi criada a Lei Geral de Telecomunicações, em 1997, o foco era a telefonia fixa, que hoje está em desuso. Atualmente, a demanda maior é pela internet e a legislação não pode ser um entrave para que o mercado se adapte a esta realidade e o consumidor tenha um serviço de qualidade”, avalia Daniel Vilela. “Num momento de crise como o que vivemos, abrir as portas para novos investimentos é o caminho para movimentar a economia. Além disto, o Brasil não pode continuar sendo para o mundo uma referência negativa quanto à qualidade da sua banda larga, que é um indicador de desenvolvimento socioeconômico”, completa o deputado.

O novo presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) - órgão que fiscaliza o setor -, Juarez Quadros, defendeu na semana passada, durante sua posse, a aprovação rápida do projeto. “O projeto de lei, uma vez sancionado, modernizará a legislação do setor de telecomunicações, atraindo e incentivando o investimento privado. Essa mudança de regra, por via legal, será uma das soluções dos problemas brasileiros e certamente agregará ao programa econômico conduzido pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles”, afirmou Quadros, aproveitando para fazer uma comparação: “No serviço de telefonia móvel, a liberdade é a regra. E ele está aí, é um serviço altamente popularizado e hoje as pessoas deixam de usar o telefone fixo”. 

O ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicação, Gilberto Kassab, também tem defendido o PL 3.453. Ao fazer o discurso de abertura da Futurecom 2016, maior feira de telecomunicações, internet e TI da América Latina, que aconteceu em São Paulo mês passado, Kassab falou que a aprovação da matéria vai revigorar o setor de Telecomunicações no Brasil. 

Artigo publicado no Valor Econômico