quinta-feira, 9 de julho de 2015

CRISES FISCAIS NÃO OCORREM DA NOITE PARA O DIA, ELAS MANDAM AVISOS


Francisco Ferraz

Crises fiscais são o resultado de práticas fiscais desastrosas. Num sistema federativo como o brasileiro, no qual a maior parte da arrecadação tributária é dirigida para os cofres da União, estados e municípios passam a depender de empréstimos, ajudas e programas da esfera federal para equilibrar seus orçamentos. Desta forma, as práticas fiscais desastrosas provêm em cascata, desde o nível federal passando pelo estadual, até chegar ao municipal.

A repartição de receitas tributárias vigente é um "precipitado histórico", resultante de sucessivas decisões casuísticas - respostas a problemas urgentes da conjuntura, reações a crises, mediante a adoção de "pacotes econômicos" - cuja única lógica se encontra na sucessiva geração de novos tributos para aumentar a receita.

Muitos destes tributos, o exemplo mais recente é a CPMF, foram criados para uma curta duração, com data de extinção prevista em lei, que tornam-se permanentes, aumentando a carga tributária sobre produtores e consumidores, sem lograr estabelecer o esperado e necessário equilíbrio das contas públicas.

Como o sistema político, a cada novo ciclo de aumento de carga tributária, alcança um precário e provisório equilíbrio, e as receitas novas são, de imediato, comprometidas com despesas legalmente compulsórias, adquirindo assim a marca da imperiosa necessidade, elas tendem a se perenizar.