Francisco Ferraz
Há, basicamente, dois tipos de contatos
entre o legislador e a sua base política: os de iniciativa do legislador e os
de iniciativa dos eleitores. Os primeiros, como podem ser programados e
planejados pelo legislador, fazem parte de sua agenda e, portanto, integram-se
numa ação política previsível. O mesmo não ocorre com os segundos. Estes acontecem
sem qualquer planejamento, de acordo com a necessidade, oportunidade e
interesse do eleitor. Ao contrário dos primeiros, precisam ser acomodados
dentro da agenda do legislador, o que, muitas vezes, provoca um efeito
desestabilizador em relação a outras atividades já programadas.
Por outro lado, os contatos de
iniciativa do eleitor, se não forem atendidos de forma adequada pelo
legislador, provocam no eleitor sentimentos muito negativos, que podem chegar a
ponto da desilusão e hostilidade. Cada eleitor, individualmente, considera que
é seu direito ser recebido e atendido pelo político que ajudou a eleger. Como
ele nunca importunou o seu representante, e apenas naquele momento buscou
comunicar-se com ele, não entende e não aceita que não houve tempo para
atendê-lo, ou para dar atenção ao seu problema.
A reação, nestes casos, é sempre a
mesma, e pode ser ilustrada na frase: "quando
ele precisou de votos me procurou, agora que está eleito não precisa mais de
mim". Esta frase, a expressar sentimentos de desilusão e,
no limite, de traição, é devastadora para um político, pelo seu poder de
difusão, pela pré-disposição das pessoas a acreditar nela, e pela imagem de
oportunismo, desinteresse pelos eleitores e falta de confiabilidade que ela
contribui para criar.
Por outro lado, se o eleitor foi bem
atendido pelo legislador e seu staff,
o retorno político é muito favorável, até porque, contrasta com a imagem
estereotipada do político. Eleitores bem atendidos relatam para familiares e
amigos sua experiência, contribuindo para consolidar a base política do
legislador.