Desigualdade
extrema, corrupção endêmica e violência epidêmica sempre existiram. O Brasil
não é um país subdesenvolvido por acaso. Mas nunca na sua História as classes
dominantes (os donos do poder econômico, financeiro e político, ou seja, os
donos do Estado) foram tão encurraladas (encurralados) como agora. Suas bandas
podres (parasitárias, corruptas e cleptocratas) ultrapassaram todos os limites
imagináveis da “arte de roubar o dinheiro do povo”.
É o caso da Petrobras (envolvendo empreiteiras, financistas, altos
escalões administrativos e políticos – PP, PMDB, PT etc.), do trensalão e
do metrôSP(PSDB), do HSBC (ricaços com contas bancárias na Suíça,
muitas provavelmente jamais declaradas ao fisco) e do Carf (grandes empresas e
bancos, como Gerdau, Bradesco, Santander, Ford etc., que promoviam corrupção de
milhões para não pagarem impostos de bilhões).
Muitos donos do poder, que
sempre gozaram de imunidade absoluta, com bens bloqueados e sem poder fechar
novos contratos com o poder público, estão pedindo falência (recuperação
judicial) e despedindo empregados em massa. Para além de incontáveis ações de
reparação de danos (materiais e morais) e CPIs, jamais na nossa História
dezenas desses nababescos cleptocratas (ladrões do dinheiro público) foram
encarcerados concomitantemente.
Os dois grandes temores das classes dominantes (serem enquadradas pela
lei e pela Justiça em razão das suas roubalheiras e explorações e terem que
enfrentar a rebelião das massas indignadas) estão acontecendo. Aliás, 47% dos
protestos de 15 de março foram contra a corrupção, isto é, contra o Brasil
cleptocrata-mafioso, hoje sob a batuta do decadente governo petista
(Datafolha).
Evolução
sociológica notável: as massas estão começando a se apoderar da consciência
crítica (veja Álvaro Vieira Pinto). Tudo começou em junho/13, quando elas
protestaram contra o Brasilquistão (com péssimos serviços
públicos e baixa qualidade de vida). Mas a redenção somente virá no dia em que
todos encurralarmos as classes dominantes para implantar aqui o Brasislândia (Brasil
+ Islândia: este país tem 1,5% de ricaços, 97% de classe média e 1,5% de
pobres), acabando com a cruel divisão entre minorias cultas e massas incultas
ou ignorantes.
Para isso temos que trocar o capitalismo cartelizado (de compadres, um
jogo de cartas marcadas) por um capitalismo verdadeiro, competitivo e
distributivo, sem superexploração parasitária. Temos que copiar o capitalismo
praticado nos países escandinavos (Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia e
Islândia). Necessitamos de um choque de capitalismo (como postulado pelo
senador Covas, em 1989), que teria por base um “choque na educação”, com ensino
de qualidade para todos, em período integral. Nos séculos XVI, XVII, XVIII e
XIX todos eram discursivamente contra a escravidão, mas ninguém acabava com
ela. No século XXI, todos somos discursivamente a favor da excelente educação,
mas ninguém a implanta. Por isso se diz (E. Giannetti) que a educação no século
XXI é o equivalente moral da escravidão. Quem será a Princesa Isabel da
educação? A hora da educação de qualidade para todos e do capitalismo
civilizado é agora, quando as classes dominantes estão encurraladas. Para não
perder os dedos talvez entreguem os anéis.