Francisco Ferraz
Durante
o primeiro ano de mandato, o legislador deve tomar uma decisão crucial sobre
seu futuro político. Trata-se de uma decisão crucial porque ela vai determinar
a natureza do seu trabalho, o seu perfil de político para os colegas e a sua
imagem perante o eleitorado.
A maior parte dos legisladores não se propõe esta
questão com esta clareza. Ignoram o problema ou evitam a decisão, oscilando de
um perfil para o outro, conforme as circunstâncias. Esta atitude tem consequências
sobre seu desempenho e sobre as perspectivas políticas futuras de sua carreira.
Por isso, é sempre preferível encará-la e dar-lhe uma solução conscientemente
assumida.
A escolha do perfil pelo legislador vai
permitir-lhe concentrar o melhor de seus talentos e esforços no rumo do objetivo
que pretende alcançar. A oscilação entre perfis satisfaz a necessidade de
"ativismo" do político, mas impede aquela concentração estratégica e
compromete a definição de uma imagem consistente, com base na qual ele será
identificado. A decisão crucial é: escolher entre ser um membro
influente na Casa Legislativa onde atua, ou ser um líder político na sociedade.
Teoricamente é possível combinar as duas linhas de
ação. Mas apenas teoricamente. Na prática, as chances de obter sucesso tentando
atender aos dois chamados são muito reduzidas.