É comum ouvir pais
reclamarem dos filhos e mais ainda quando estes estão na fase da adolescência.
Como em um passe de mágica, parece que aproximadamente aos quatorze anos a
criança, que antes obedecia a quase tudo e tinha a opinião sempre muito
parecida com a de seus pais, passa então a ter vontade própria. A casa deixa de
ser o centro das atenções e os colegas passam a ter muito mais influência no
comportamento do adolescente.
Chega então
o momento em que aquela pessoa, que antes era deixada na porta da escola e
entrava obedientemente na sala de aula (muitas vezes por medo dos pais e da
diretora da escola), descobre que existe a possibilidade de matar aula. Aquela
nota baixa é então escondida. Começa a maratona de alguns pais de ter que
atender telefonemas da escola locais inusitados, terem de conversar com a
orientadora da escola e por aí vai.
Neste
momento, alguns pais começam a se questionar em que momento eles erraram na
criação. Acreditam que seu filho será para sempre um problema. Procuram todos
os tipos de especialistas para ver se encontram uma cura para o estudante, que
volte a deixá-lo funcionando como quando ele era uma criança. Porém, o que não
percebem é o grito de liberdade que está sendo emitido.
A partir
deste momento, a pessoa passa a querer ser escutada. Procura o ambiente onde
suas opiniões serão discutidas e também aceitas. Daí, a importância dos amigos,
pois eles dão ouvidos uns aos outros. Então, pode-se entender que a mentira não
passa de uma forma de lidar com a situação em que sabemos que não seremos
escutados. O adolescente irá falar o que os pais querem ouvir, porém, fará
outra coisa, enquanto não for escutado dentro da própria casa.
Não que os
adultos devam fazer tudo o que os adolescentes querem. Muito pelo contrário, o
limite é importante, mas desde que as regras do jogo sejam discutidas
claramente.