Enquanto o Palácio
do Planalto se preocupa com o abandono em série de cubanos do
programa Mais Médicos, uma ação robusta com vistas à campanha
eleitoral vem sendo orquestrada pela classe médica brasileira. Em grupos do
WhatsApp e do Facebook, nos corredores de hospitais e em congressos médicos,
são freqüentes as críticas e os ataques à gestão de Dilma Rousseff e do
ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha. A categoria acredita que foi demonizada pelo governo por se posicionar contra
o programa implantado em agosto de 2013. Em rede e em sintonia, a maioria dos 400
mil médicos do País deverá
constituir uma das frentes de oposição mais contundentes à reeleição de Dilma.
O Conselho Federal
de Medicina (CFM) afirma que, ao implementar o Mais Médicos, o governo vendeu a
ideia de que as dificuldades no Sistema Único de Saúde (SUS) eram decorrentes
da falta de médicos interessados em trabalhar no interior e na
periferia das grandes cidades. "Não se pode apresentar à população os
médicos como se fossem mercenários, que se recusam a atender os mais
necessitados", critica o vice-presidente do CFM, Carlos Vital Corrêa.
"O governo se valeu de marketing caro e induziu a população contra os
médicos de maneira injusta."
Segundo a Federação
Nacional dos Médicos (Fenam), o governo Dilma decidiu implementar o Mais
Médicos por se tratar de um "programa eleitoreiro", que já havia sido testado com êxito
na Venezuela por Hugo Chávez. A
chegada de médicos vindos do exterior, anunciada logo após os protestos de
junho, seria uma resposta às demandas das ruas.
"Diante
de sua impossibilidade gerencial de garantir assistência médica à população
brasileira, o governo trabalhou a ideia de que os médicos brasileiros quisessem
ganhar R$ 30 mil e, por isso, teria que trazer esses campeões da solidariedade
cubanos", analisa o presidente da Fenam, Geraldo Ferreira, acrescentando
que o salário do médico nos municípios contemplados pelo programa é, em média,
de R$ 1.500 por 20 horas semanais.