A atriz Carolina Dieckmann interpretou Camila, uma personagem com leucemia que raspa o cabelo por causa do tratamento de quimioterapia |
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) aprovou um medicamento para o tratamento do câncer de mama que não
causa queda de cabelo e provoca menos efeitos colaterais do que a quimioterapia
tradicional. A ação é possível porque o remédio atua diretamente no tumor, em
vez de afetar todas as células do corpo. De acordo com os organizadores do
estudo, trata-se da primeira droga com esse mecanismo aprovada no país.
O medicamento trastuzumabe entansina
(também chamado de T-DM1) é indicado para um tipo de câncer de mama avançado,
identificado como HER2 positivo, que corresponde a 20% de todos os casos da
doença. Seu uso deve ocorrer quando o tratamento convencional não apresentar
mais resultados. Além de evitar os efeitos colaterais da quimioterapia, ele
aumenta em 50% o tempo de sobrevida.
“A
droga tem um efeito casado. Ela possui um anticorpo e um quimioterápico. Por
ser extremamente potente, esse quimioterápico não poderia ser aplicado sozinho
porque seria muito tóxico ao organismo. O que acontece é que o anticorpo conduz
o quimioterápico até o interior da célula tumoral e libera o medicamento lá
dentro”, explica o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia e um
dos coordenadores do estudo do medicamento no Brasil, José Luiz Pedrini. O
mecanismo do remédio é conhecido como “cavalo de troia”.
Segundo o médico, a
pesquisa, realizada em vários países, incluiu cerca de cem brasileiras. “Há
pacientes que começaram a participar do estudo em 2011 e seguem vivas. Sem essa
opção, elas sobreviveriam por cerca de seis meses porque não teriam outra
alternativa de tratamento”, explica.