segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A Política do Espetáculo

Por Ricardo Noblat

Tudo indica que o próximo ano será de grande combustão política. Além de ano de eleições, o que por si só já o torna passional, será o do julgamento do Mensalão – ou não.

Se prevalecer a previsão do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, não haverá prazo para a conclusão do processo, e o caso, mesmo sendo o maior escândalo da história republicana brasileira, irá para as calendas.
Se, porém, como se espera, o ministro for um mau profeta, e o caso for a julgamento, o desgaste imposto ao governo e às suas principais lideranças será monumental.

Desde que processos submetidos ao STF passaram a ser transmitidos ao vivo, a forma de julgar mudou. Já não se julga apenas com base na lei, mas leva-se em conta a pressão das ruas.
É ruim, mas, nesses termos, inevitável. O Brasil é talvez o único país a adotar tal expediente, o que leva a tal política do espetáculo, de que falava George Balandier, ao paroxismo.

Em se tratando do Judiciário, é uma tragédia. Basta ver o que ocorreu num julgamento como o da reserva de Raposa Serra do Sol, em Roraima, em que um punhado de militantes levou os ministros a uma decisão absurda, que impôs a milhares de pequenos produtores a favelização.

Voltemos ao Mensalão. Nele, mesmo estando ausente, destaca-se a figura de Lula. E não apenas porque tudo ocorreu em seu governo, sob suas barbas, mas porque, a respeito, disse as coisas mais contraditórias.