sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Em terra de analfabeto, quem tem olho não serve pra nada e leão continua rei
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira)/MEC divulga os resultados do Enem 2010 (Exame Nacional do Ensino Médio), que pela primeira vez integrará o processo seletivo das universidades públicas federais, além de constituir o critério de seleção para os estudantes que pretendem concorrer ao ProUni (Programa Universidade para Todos), do Governo Federal, e para o ingresso em cerca de 500 universidades como complemento ou em substituição do vestibular.
Nesse contexto, o Instituto Paulo Montenegro e a Ação Educativa revisitam os dados do Inaf Jovens, levantamento realizado em 2009 junto à população entre 15 e 24 anos de nove regiões metropolitanas, analisando seus níveis de alfabetismo funcional, trajetória e expectativas educacionais, com especial destaque para aqueles que planejam ingressar em um curso superior. Esse é o público ao qual, em princípio, estão destinadas as vagas no ensino superior nos próximos anos. O Enem é um mecanismo que pretende democratizar esse acesso. Quais os limites dessa abertura? Que reflexos pode ter na melhoria da educação básica? A perspectiva de ingresso no ensino superior é a alternativa para a maioria dos jovens metropolitanos?
NÃO SABEM LER E ESCREVER EM ABSOLUTO, MAS ESTÃO NA ESCOLA. QUE ESCOLA É ESSA? QUE PAÍS É ESSE? QUE PLANETA É E STE?
Os resultados gerais dessa edição especial do Inaf mostram que cerca de 22% dos jovens metropolitanos entre 15 e 24 anos podem ser considerados analfabetos funcionais. Desses jovens, 3% são analfabetos absolutos (não sabem ler e escrever, exceto números familiares) e 19% são alfabetizados em nível rudimentar (leem textos curtos, como cartas, e lidam com números em operações simples, como o manuseio de dinheiro). Do total de entrevistados, 51% estavam cursando o Ensino Médio ou haviam concluído esse nível, mas não ingressaram no ensino superior. Só 12% já tinham ingressado no Ensino Superior, enquanto 36% ainda estavam no ensino fundamental.
Pouco mais de um em cada quatro jovens (26%) com 18 a 24 anos que vivem nas regiões metropolitanas das maiores capitais do País estão, em princípio, excluídos da possibilidade de tentar ingressar no nível superior, por não terem sequer ingressado no Ensino Médio. E mesmo dentre os jovens metropolitanos entre 18 e 24 anos que completaram essa etapa, uma parcela significativa tem limitações de aprendizagem que praticamente inviabilizam a continuidade dos estudos: cerca de 12% dos jovens metropolitanos com Ensino Médio completo ou incompleto e 3% daqueles com Nível Superior completo ou incompleto podem ser considerados analfabetos funcionais.
Fonte: Rose Guirro, Mariana Bevilacqua e Rafael Presilli, Ketchum Estratégia
Débora Kakihara e Taís Bahov
Comunicação Institucional Ibope
(GC)