terça-feira, 22 de junho de 2010

SEM DINHEIRO É MELHOR NEM TENTAR SER CANDIDATO.


A frase é forte, impiedosa e categórica. Ela afronta uma visão mais romântica da política, trazendo-a das alturas dos ideais para o mundo dos interesses materiais, mesquinhos e individuais.

Não se trata porém de contrastar a política do ideal contra a política do interesse.
Qualquer campanha eleitoral tem custos. Sem meios financeiros para cobrir esses custos, não há campanha.

Mesmo a mais idealista das candidaturas vai necessitar dinheiro para se viabilizar, assim como a campanha mais interesseira vai necessitar de uma mensagem nobre para vencer.

A raiz do problema, inafastável e impossível de ignorar, é o fato de que qualquer campanha eleitoral tem custos. Sem meios financeiros para cobrir esses custos, não há campanha, ou, na melhor das hipóteses, ela nunca consegue superar aquele estágio inicial modesto, realizado por familiares e amigos, de maneira gratuita.

Há muitas formas de ajuda material à campanha, todas elas úteis e necessárias:

• Empréstimos sem ônus: prédios, veículos, móveis e equipamentos;
• Doações: papel, tinta, tecidos (para faixas ou camisetas p. ex.), combustível;
• Cessões de uso: paredes para pintar propaganda, espaços residenciais para colar cartazes, terrenos para fixar placas tipo outdoor;
• Colaboração voluntária: para trabalhos de campanha na sede ou junto aos eleitores;

Todos esses recursos são úteis e valiosos. Mas não bastam, e não substituem o dinheiro. O dinheiro tem um poder de "conversão" único. Ele é capaz de converter-se em praticamente qualquer outro recurso de campanha (cartazes, outdoors, publicidade, transporte, contratação de profissionais, pesquisas, apoio ao trabalho de voluntários, etc).

Por essa razão o dinheiro é indispensável. Somente com dinheiro sonante a maioria das necessidades da campanha poderão ser provistas. Além disso, a campanha moderna não dispensa a contratação de especialistas de marketing, estratégia, de pesquisa, de assessoria de imprensa, de produção de eventos, e outros.

Estes profissionais quando altamente especializados e experientes são caros, e recebem em dinheiro. Além deles, gráficas, fábricas de camisetas, pintores, equipamentos para a produção de programas de rádio ou TV, correio, despesas com voluntários, etc. Campanhas políticas estão sempre alguns milhares de reais em falta e algumas semanas atrasadas! É impossível e desnecessário discriminar todos os tipos de despesas que surgem durante a campanha. Começada a campanha é um fluxo permanente.

Levantar fundos é a atividade mais importante da campanha, pois tudo que se pretende fazer depende da existência ou não de recursos.
Levantar fundos para financiar a campanha é, pois, a atividade mais importante da campanha, pela simples razão de que, tudo o mais que se pretender fazer, vai depender da existência ou não de recursos.

O dinheiro é o oxigênio de uma campanha eleitoral. Na falta dele, tudo o mais começa a entrar em colapso. Aliás, um dos sinais visíveis de que uma campanha "começou mal" é a falta de recursos para bancar as despesas iniciais.

Muito dinheiro não salva um candidato ruim, com uma campanha ineficiente; embora pouco dinheiro faça milagres com um candidato bom e uma campanha competente. Uma campanha, pois, não precisa ser rica para ter sucesso. O que importa é contar com os recursos necessários para financiar a sua estratégia política e de comunicação.
O financiamento de uma campanha depende do ato de pedir, por mais que esta realidade incomode a sensibilidade do candidato.

Por Fernando Ferraz