quarta-feira, 23 de junho de 2010

Governo teme efeito Marina Silva num possível 2º turno em 2010.


MARCO AURÉLIO NOGUEIRA - O Estado de S.Paulo

O Executivo está fazendo projeções e analisa com frios na barriga os riscos potenciais da candidatura Marina Silva. Eis o mais temido deles em avaliações reservadas: ver a ex-ministra ao lado do PSDB num eventual segundo turno contra Dilma Rousseff, nome do governo.

Marina, está sendo considerada uma ‘inspiração para o povo brasileiro” é como está sendo chamada a candidatura à Presidência da Marina Silva por muitos jornais internacionais. A definição acima é do New York Times, que a classifica também como “uma mulher humilde que superou a pobreza extrema e a doença para se tornar uma das maiores forças da política brasileira”. Poderia ser a substituta de Lula no idealismo de alguns, segundo jornais como The Guardian e Independent, por representar, entre outras coisas, a ética, valor tão desgastado na política brasileira.

Exageros à parte, fato é que a senadora, ícone do ambientalismo nacional, vem mobilizando e comovendo uma significativa parcela da sociedade, e sua candidatura já conta com adeptos e promotores que utilizam a Internet como principal canal para iniciar uma pré-campanha eleitoral.

Apesar disso, e por não estar na disputa para somar votos, e sim para marcar posição, Marina pode fazer diferença numa eleição que se anuncia como fadada a se decidir nos últimos minutos. Se conseguirá fazer isso é algo que depende muito de sua própria capacidade de explorar as virtudes que a engrandecem e superar os pontos frágeis que a limitam. Mas depende também dos rumos que a disputa tomará quando os exércitos plebiscitários entrarem de fato na luta.

Seu real efeito sobre o processo eleitoral ainda está por vir.

PROFESSOR TITULAR DE TEORIA POLÍTICA DA UNESP. E-MAIL: M.A.NOGUEIRA@GLOBO.COM