O candidato precisa da imprensa e a imprensa precisa
dele. Como tal, gostando ou não, estão amarrados uns aos outros pelo tempo que
durar a campanha. A relação que os une, entretanto, é extremamente complexa. Há
cooperação entre eles, mas não se pode dizer que se trata de uma relação de
cooperação. Há conflito, mas também não se pode defini-la como uma relação de
conflito.
Talvez a melhor analogia para esta complexa interação seja a do jogo. Um precisa do outro para
atingir seu respectivo objetivo e um defende-se do outro, num jogo que, bem
jogado, é inteligente e sutil, com resultados que ora favorecem mais a um, ora
a outro, mas que pode ser frutífero para ambos.
Ambos querem ganhar, mas o significado de "ganhar" é diferente
para cada um. Para o
candidato, "ganhar" é obter do jornalista matérias
que difundam sua mensagem aos eleitores, sua versão de questões controvertidas,
suas explicações sobre acusações que sofreu, sua acusação aos adversários, tudo
isto da maneira mais fiel e completa possível.
Na realidade, o candidato gostaria, se pudesse, obter do jornalista a
publicação de um "press release" seu, com a mais atraente
apresentação possível, e com o maior destaque no veículo.
Por Francisco Ferraz
Por Francisco Ferraz