Um novo quadro infeccioso pode
estar acometendo crianças de até dois anos, em Pernambuco, e motiva uma
investigação por infectologistas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc).
Há pelo menos duas semanas, uma sequência de bebês deu entrada na unidade e
também no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) com
febre, irritabilidade e manchas vermelhas que evoluem para bolhas em todo o
corpo. O quadro, incomum em crianças dessa idade, inspira cuidado e ainda está
sem diagnóstico definido.
A princípio, os especialistas
descartam qualquer relação com a microcefalia, já que todos os bebês
investigados têm perímetro encefálico fora da faixa descrita pela Organização
Muncial de Saúde (OMS) para microcéfalos. As principais hipóteses levantadas
pelos infectologistas é de que o quadro pode ter relação com uma manifestação
diferente da dengue, zika ou chikungunya; ser uma nova manifestação de
enterovírus; ser causado por bactérias como a estreptococos e a estafilococos;
ou ainda ser uma associação das arboviroses com outra infecção.
O incomum do quadro, segundo os
médicos, são as bolhas pelo corpo. Elas começam a aparecer geralmente no
terceiro dia de doença. Pelo menos oito crianças deram entrada no Huoc com essa
característica. Algumas delas do Recife e Olinda, outras de municípios como
Pesqueira e Arcoverde. “No serviço de infectologia, costumamos receber casos
mais inusitados. Mas, diante do contexto em que estamos vivendo, tudo o que
aparece de novo é motivo de investigação cuidadosa”, lembra a chefe da
infectologia pediátrica do Huoc, Ângela Rocha.
A Secretaria Estadual de Saúde
(SES) já foi informada da situação, segundo Ângela Rocha. Na semana passada,
pelo menos duas enfermarias do Huoc permaneceram cheias apenas com pacientes
com esse quadro. A maioria das crianças tem menos de seis meses e algumas delas
estão precisando ficar internadas.
Susto
A dona de casa Mariana Honório,
31 anos, tomou um susto quando viu as bolhas em todo o corpo da filha Esther,
de 50 dias. Enquanto também estava doente, a moradora do município de
Arcoverde, no Sertão, precisou acompanhar a filha no internamento. “Fiquei com
manchas, mas, na menina, começou com uma febre acima de 39 graus que não
passava. Depois piorou e só não saiu bolha no rosto. Elas estouraram, parece
queimadura. Minha filha não aguenta nem colocar fralda, grita de dor”, contou
ela, enquanto estava internada com a criança no Huoc.
A infectologista Regina Coeli
lembrou que a investigação não é motivo para pânico, mas requer atenção das
mães. “Ainda são poucos casos, mas é preciso que as mães fiquem atentas e levem
para unidades de saúde, para o pediatra avaliar. Crianças nessa faixa etária
têm um sistema imunológico mais frágil.”
DIARIO PE