Numa perniciosa inversão de valores,
nos dias atuais o professor – antes uma figura respeitada pela sociedade –
passou até a ser agredido por alunos, questionado por pais e não amparado na
medida necessária pelos governos. Um dos resultados é o desprezo dos jovens
pelo magistério. Uma prova? Entre 2012 e 2013, houve uma queda de 22 mil
concluintes nos cursos de licenciatura, segundo o Censo do Ensino Superior.
Como consequência, centenas de escolas do ensino básico continuarão sem professores
para disciplinas estratégicas, como matemática, física, química e português,
entre outras.
Dois recentes editoriais do Estadão
colocam o dedo na ferida, ao afirmar que a má qualidade do ensino não
se deve à
propalada escassez de recursos. Segundo dados do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb), de 2007 a 2013 o repasse de verbas saltou de R$67 bilhões
para R$116 bilhões, para pagamento dos professores, compra de equipamentos e
manutenção das atividades básicas, como transporte e merenda. Além da má
gestão, tais recursos também são alvo de corrupção, pois a Controladoria Geral
da União aponta desvios de verbas em 73% dos 180 municípios fiscalizados.
Como o número de alunos não cresce na mesma proporção do repasse de verbas, é razoável inferir que aumentou o gasto por aluno. Só que, como mostram os péssimos indicadores nacionais e internacionais, a qualidade vem subindo, na média geral, a passos de tartaruga. Do que a educação necessita, de verdade, para atingir o patamar de qualidade desejável, é de ética no trato da coisa pública, de competência na gestão e de olhar vigilante da sociedade (até agora quase ausente).
Como o número de alunos não cresce na mesma proporção do repasse de verbas, é razoável inferir que aumentou o gasto por aluno. Só que, como mostram os péssimos indicadores nacionais e internacionais, a qualidade vem subindo, na média geral, a passos de tartaruga. Do que a educação necessita, de verdade, para atingir o patamar de qualidade desejável, é de ética no trato da coisa pública, de competência na gestão e de olhar vigilante da sociedade (até agora quase ausente).
Ruy Martins Altenfelder Silva | Presidente do Conselho de Administração do CIEE e da Academia Paulista de Letras Jurídicas (APLJ)