terça-feira, 16 de julho de 2013

'ANONYMOUS' PASSA A FUNCIONAR COMO SÍMBOLO DA RESISTÊNCIA POLÍTICA AO CONTROLE DO INDIVÍDUO, DIZ PESQUISA

Os "Anonymous" no Brasil atuam como "resistência política" a uma "sociedade de controle" do indivíduo e, antes dos recentes protestos de rua no país, já haviam participado ativamente da organização de manifestações contra a corrupção, como no 7 de setembro de 2011.

É o que aponta um estudo inédito do mestre em ciências sociais Murilo Bansi Machado, da UFABC (Universidade Federal do ABC), um raro trabalho sobre essa rede de ativistas cibernéticos.

'Anonymous' lidera ativismo digital nos protestos, diz estudo

O estudo, concluído em maio e que deve virar livro neste ano, se valeu de entrevistas com 22 membros da rede de ativistas.

"É difícil pensar nos 'Anonymous' se você aplicar os conceitos da política tradicional ou do senso comum. Pensar 'de que lado essas pessoas estão, a quem respondem, quem é o líder?', você vai incorrer em erro," disse Machado.

"É uma outra lógica de participação política, é até uma forma de contestar a própria participação política atual, o nosso sistema de representação", completou.

Por ocasião das comemorações do Dia da Independência, em 2011, os "anônimos" saíram da internet e atuaram na organização dos protestos nas ruas. O mote principal era "a luta contra a corrupção".

"Parte do movimento dedicou-se a realizar oficinas para produção de camisetas, 'flyers', cartazes etc. Outra parte preferiu atuar pela rede, divulgando informações em blogs e sites", descreve o estudo de Machado.

No dia combinado, o ato de maior sucesso ocorreu em Brasília. A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal calculou 12 mil manifestantes. Contudo, a adesão foi baixa em outras 50 cidades nas quais a manifestação foi convocada.

O ato serviu para unir mais os "anons", o que pode explicar a grande atividade deles nos protestos de junho último. A marca da rede de ativistas é a diversidade.

Em 2012, os "anons" desencadearam uma "operação" para derrubar sites das Organizações Globo, o que não significa que sejam necessariamente adversários dos meios de comunicação. Muitos integrantes defendem a liberdade incondicional de expressão.

O ataque, descreve Machado, ocorreu de 2 a 10 de abril de 2012. Um pequeno grupo teve a ideia e a lançou na rede, onde recebeu cooperação. Foram atacados 25 sites ligados à Globo e alguns ficaram até 4 horas fora do ar.

O episódio gerou críticas entre os "anons". Um deles disse ao pesquisador que a operação foi "burrice" e "sem sentido, sem passar nenhuma mensagem".


Por outro lado, os apoiadores da operação alegaram que não atacaram sites noticiosos. No meio da ação, um dos hackers organizadores pediu: "Sem ataques à [ao site] Globo.com. É um portal de notícias, gente!" (RV E JCM)