São Paulo - A presidente Dilma Rousseff, no pior momento de seu
governo encurralada por uma economia fraca e ressentimentos na base aliada,
terá que adotar um tom ainda mais conservador na política econômica e
desencantar as promessas de maior interlocução com os partidos que a apoiam.
Diante de um cenário em que os obstáculos à sua frente parecem se
avolumar, o governo Dilma já começou a trilhar um caminho mais ortodoxo na
política econômica, embora analistas afirmem que um aperto fiscal ainda é o elo
perdido no conjunto de medidas adotadas nas últimas semanas.
No Congresso - terreno pantanoso para a presidente desde sua posse-, o
governo tem buscado alterar parte do receituário adotado desde janeiro de 2011,
quando a presidente tomou posse. Mas como Dilma acenou com mudanças na relação
com os aliados em outros momentos, deputados e senadores ainda estão
ressabiados se novamente não estão diante de uma promessa vazia.
"Esse é o pior momento do governo. Se você pegar o bloco dos oito
anos do governo Lula e dos dois anos e meio do governo dela, pior do que esse
momento só mesmo aquele processo do mensalão", disse à Reuters o cientista
político Carlos Melo, do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa).