Existem muitos parlamentares que não possuem cargos
de visibilidade política no interior do legislativo.
Foi incorporado no vocabulário político cotidiano o
conceito de “baixo clero” para denominar o conjunto de parlamentares que não
possuem cargos de visibilidade política no interior do legislativo. Longe de
ser um conceito pejorativo, pertencer ao baixo clero é uma realidade que se
impõe à imensa maioria dos legisladores. Isso ocorre porque, obviamente, não há
lugar para todos nos cargos de projeção política. Em outras palavras, há mais
legisladores do que cargos de comando no interior dos legislativos.
Na
maioria dos legislativos brasileiros (Senado Federal, Câmara dos Deputados,
Assembléias Legislativas e Câmaras dos Vereadores) o poder decisório está
concentrado nas mãos do líder partidário, que toma as principais decisões sobre
a atividade legislativa em conjunto com os demais líderes em um órgão
geralmente chamado de Colégio de Líderes.
O
líder de partido é responsável, entre outras coisas, por indicar os membros
titulares ou suplentes das comissões permanentes, das comissões especiais e das
CPIs.
É
o líder partidário que indica para a presidência da casas legislativas, os
deputados de seu partido que farão uso da palavra durante as sessões
legislativas. Isso significa que nenhum parlamentar pode subir a tribuna para
discursar sem ser indicado pelo líder de seu partido.
Também
é o líder do partido quem negocia com o executivo a liberação de verbas para
atender as emendas individuais ao orçamento, ou seja, é o líder quem decide
qual o deputado que será contemplado com recursos para sua base eleitoral.
Diante
de tal centralização é forçoso concluir que os espaços para atuações
individualistas no legislativo são pequenos. Nenhum parlamentar consegue
incluir seus projetos numa pauta de votação sem o aval do líder.
Pertencer
ao baixo clero significa estar longe dos holofotes. O legislador do baixo clero
dificilmente é destaque em alguma matéria na imprensa, correndo o risco de que
seus eleitores imaginem que o parlamentar está lá apenas para usufruir das
regalias que tanta revolta causa na opinião pública.
Nessas circunstancias, a
melhor estratégia de sobrevivência política que o legislador do baixo clero
pode adotar é se dedicar à comunicação com a base eleitoral. Isso não quer
dizer que o legislador deva abandonar as oportunidades de ocupar cargos de
maior prestígio no interior do legislativo, mas que sua atenção deve estar
voltada fundamentalmente para seus eleitores.