segunda-feira, 6 de maio de 2013

A SOBREVIVÊNCIA POLÍTICA DO LEGISLADOR NO BAIXO CLERO



Existem muitos parlamentares que não possuem cargos de visibilidade política no interior do legislativo.
Foi incorporado no vocabulário político cotidiano o conceito de “baixo clero” para denominar o conjunto de parlamentares que não possuem cargos de visibilidade política no interior do legislativo. Longe de ser um conceito pejorativo, pertencer ao baixo clero é uma realidade que se impõe à imensa maioria dos legisladores. Isso ocorre porque, obviamente, não há lugar para todos nos cargos de projeção política. Em outras palavras, há mais legisladores do que cargos de comando no interior dos legislativos.
Na maioria dos legislativos brasileiros (Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas e Câmaras dos Vereadores) o poder decisório está concentrado nas mãos do líder partidário, que toma as principais decisões sobre a atividade legislativa em conjunto com os demais líderes em um órgão geralmente chamado de Colégio de Líderes.
O líder de partido é responsável, entre outras coisas, por indicar os membros titulares ou suplentes das comissões permanentes, das comissões especiais e das CPIs.
É o líder partidário que indica para a presidência da casas legislativas, os deputados de seu partido que farão uso da palavra durante as sessões legislativas. Isso significa que nenhum parlamentar pode subir a tribuna para discursar sem ser indicado pelo líder de seu partido.
Também é o líder do partido quem negocia com o executivo a liberação de verbas para atender as emendas individuais ao orçamento, ou seja, é o líder quem decide qual o deputado que será contemplado com recursos para sua base eleitoral.
Diante de tal centralização é forçoso concluir que os espaços para atuações individualistas no legislativo são pequenos. Nenhum parlamentar consegue incluir seus projetos numa pauta de votação sem o aval do líder.
Pertencer ao baixo clero significa estar longe dos holofotes. O legislador do baixo clero dificilmente é destaque em alguma matéria na imprensa, correndo o risco de que seus eleitores imaginem que o parlamentar está lá apenas para usufruir das regalias que tanta revolta causa na opinião pública. 
Nessas circunstancias, a melhor estratégia de sobrevivência política que o legislador do baixo clero pode adotar é se dedicar à comunicação com a base eleitoral. Isso não quer dizer que o legislador deva abandonar as oportunidades de ocupar cargos de maior prestígio no interior do legislativo, mas que sua atenção deve estar voltada fundamentalmente para seus eleitores.