Folha Online
Indicado por Eduardo Campos para a
Esplanada dos Ministérios, o ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional)
lidera um motim no PSB contra a candidatura do governador de Pernambuco -e
padrinho político- à Presidência da República.
Bezerra é, no partido presidido por
Campos, um dos mais fervorosos defensores da reeleição de Dilma Rousseff e tem
reunido integrantes do PSB em seu gabinete para articular a derrota da tese da
candidatura própria na Executiva do partido. Fernando Bezerra Coelho já
conversou com os governadores da legenda, entre eles Ricardo Coutinho (PB) e
Renato Casagrande (ES), além de outros parlamentares do partido.
Um dos últimos encontros ocorreu há
alguns dias com o senador João Capiberibe, que tem o controle da legenda no
Amapá. Segundo relatos de quem ouviu o ministro, ele tem argumentado que o PSB
será prejudicado em suas alianças estaduais caso tenha candidatura própria.
Bezerra até fez chegar ao Palácio do
Planalto sua disposição de deixar o PSB caso Campos insista na candidatura.
Além de negociar com o próprio PT, Bezerra conversa com o PSD, de Gilberto
Kassab, e com o PMDB.
Sua rebeldia tem origem no Estado de
Pernambuco. Bezerra cobiça a cadeira de Campos, que manifesta preferência por
outros nomes.
OFENSIVA
A aproximação com Bezerra é uma ponta
da estratégia petista de desmonte do palanque de Campos país afora. Numa
operação orquestrada pelo PT, o PMDB trabalha para tirar o controle do partido
em Pernambuco das mãos do ex-senador Jarbas Vasconcelos, apoiador de Campos, e
entregá-lo ao prefeito de Petrolina, também candidato ao governo.
No Espírito Santo, o presidente do
PT, Rui Falcão, já esteve com o governador para negociar sua neutralidade no
Estado em troca do apoio petista à sua reeleição.
Quatro dias depois, Casagrande
defendeu, publicamente, a manutenção da aliança do PSB com Dilma.
Na quarta passada, Falcão e o
secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, prestigiaram a solenidade
que marcou a migração de 20 filiados do PSB para o PT. Todos ocupantes de
cargos comissionados no governo Agnelo Queiroz (PT-DF).
Em Goiás, a saída do empresário José
Batista Júnior, um dos donos do grupo JBS-Friboi, do PSB para o PMDB é apontado
como mais um lance do cerco do PT e seus aliados a Campos. Até então filiado ao
PSB, o empresário era uma das apostas de Campos para sustentação de seu
palanque nacional.
O assédio ao PSB tem provocado
até um mal-estar entre Campos e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.
Tendo recebido o apoio do governador de Pernambuco para a construção de seu
partido, Kassab tenta atrair integrantes do PSB para os quadros do PSD: além de
Bezerra, conversa com os irmãos Cid e Ciro Gomes.