segunda-feira, 29 de abril de 2019

GUERRA DAS MAQUININHAS: STONE VALE O DOBRO DA CIELO NA BOLSA, RESULTADOS PRELIMINARES DO TRIMESTRE MOSTRAM CRESCIMENTO CONSISTENTE DA VERDINHA




Por Paula Zogbi

SÃO PAULO – Com apenas 6% de market share, a empresa de meios de pagamento Stone já tem um valor de mercado que corresponde a praticamente o dobro da gigante Cielo, sua concorrente (que tem nas mãos 38,3% de participação no mercado). Conforme o preço de fechamento da terça-feira (2), o valor da Stone na bolsa norte-americana está em US$ 11,2 bilhões. A Cielo, segundo a B3, vale atualmente US$ 6,61 bilhões.

A partir desses dados, investidores iniciaram uma discussão sobre a ação da empresa fundada pelo carioca André Street, ainda jovem na bolsa dos EUA, já ter valorizado demais. Na outra ponta, há quem queira embolsar papéis da Cielo esperando enorme valorização simplesmente por conta dessa discrepância - sem considerar outros dados. Especialistas alertam, porém, que ambas as conclusões são precipitadas. Para Carlos Daltozo, Head de Renda Variável da Eleven Financial, essa comparação é um equívoco por ignorar o contexto das empresas. “A Stone vem crescendo 80% ano contra ano. A Cielo, por outro lado, vem perdendo market share e lucro. São fases totalmente distintas”, diz ele.

“O que o mercado precifica é o crescimento”, complementa. E a Stone acaba de indicar que segue em plena expansão. Na última segunda-feira (1), a empresa publicou uma prévia de seus resultados operacionais referentes ao primeiro trimestre de 2019 com receita total entre R$ 530 milhões e R$ 533 milhões, o que representa crescimento entre 84,7% e 85,8% na comparação com o mesmo período de 2018.

O número de clientes ativos ao final dos três primeiros meses do ano foi estimado entre 305,9 mil e 307,4 mil – crescimento entre 90,4% e 91,3% ano a ano, de acordo com a empresa. Já o volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) deve crescer aproximadamente 60% com relação ao último trimestre de 2018, para R$ 16,5 bilhões. Daltozo argumenta que os números estão em linha com o que se espera de uma empresa na fase atual da Stone.

É natural um crescimento de volume neste nível para uma companhia ainda jovem e com pouco terreno. “O Santander passou por isso com a Getnet”, lembra.

Olhando no detalhe, o especialista da Eleven aponta que um número em específico demonstra com maior clareza que a Stone está pronta para alçar voos mais altos: o take rate. O indicador, que mostra a relação entre as receitas e o valor total transacionado, subiu de 1,68% para 1,85%. Isso significa uma captação maior por uso das maquininhas da marca, e “é muito bom como um indicativo do que está por vir”, diz.

Fonte: INFOMONEY