terça-feira, 24 de novembro de 2015

VENÇA POR SUAS AÇÕES, NÃO POR SEUS ARGUMENTOS

Francisco Ferraz


“A verdade é geralmente vista, raramente ouvida”
 
Baltasar Gracián (1601-1658)

Esta é uma das leis do poder mais dificilmente aceita pelos políticos e muito raramente praticada. O político é treinado para manejar raciocínios e argumentos e tende a atribuir a eles um poder que não possuem. As palavras possuem a propriedade de serem interpretadas de acordo com o estado de espírito de quem as ouve, com as suas convicções, inseguranças e incertezas pessoais.

Por estas razões, quem ouve um argumento, sobretudo um argumento político - que sempre traduz algum interesse - fica normalmente na defensiva. Até o melhor e mais "abotoado" argumento não possui solidez suficiente para vencer resistências.


Estamos demasiadamente habituados com a natureza escorregadia das palavras, que podem ser reinterpretadas, negadas, reconsideradas fora do contexto em que foram pronunciadas, de acordo com o interesse do argumentador. O polemista não entende isto. Não compreende que as palavras nunca são neutras (sobretudo na política). O discurso do polemista fala para ouvidos céticos. Ao perceber que não convence, ele recorre a mais argumentação, agravando ainda mais a sua dificuldade de convencer e vencer.