quinta-feira, 27 de agosto de 2015

EXECUTIVO: A NECESSIDADE DA MAIORIA

Francisco Ferraz

Não há muito que um governante consiga fazer, se não contar com uma maioria na Casa Legislativa correspondente. Esta regra vale tanto para o Congresso, quanto para Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais.

Um legislativo hostil pode paralisar uma administração. Um legislativo sem compromisso político com o governo pode ser persuadido a apoiar algumas medidas, mas pode também lhe negar apoio, quando mais precisa. Para que a atividade de governo seja também uma "campanha permanente", será necessário garantir o apoio político do legislativo, pelo menos naquelas matérias de maior importância para o governo, e de maior prioridade para o eleitor.

Num regime presidencialista com um sistema multipartidário, como o que temos no país, a tarefa de "costurar" uma maioria parlamentar exige muita habilidade, paciência e concessões. É muito difícil, para o partido que ganha o Executivo, ganhar também uma maioria parlamentar, na mesma eleição. A lógica da decisão de voto para o executivo é completamente diferente da lógica da decisão de voto para o legislativo.

Para o executivo, predominam questões de natureza geral, mais doutrinárias, além de sofrerem uma forte polarização em torno da imagem dos principais candidatos. Para o legislativo, a temática será sempre mais local, centrada em interesses mais específicos e de menor alcance, sendo de menor importância a filiação partidária, ou mesmo posições doutrinárias. O resultado da eleição, portanto, tende a conferir uma unidade política ao Executivo, e a fragmentar a representação no legislativo. Por isso, faz-se necessário "costurar" uma maioria legislativa. Ela raramente surge da eleição, precisa antes ser construída, pela ação política do governo, mediante acordos e concessões.