Por Juliano Corbellini
Não é novidade a
consideração de que a política, no mundo contemporâneo, passou por uma
metamorfose no sentido de sua “midiatização”. O sentido da palavra
“midiatização”, entretanto, na maioria das vezes não é compreendido com a
abrangência devida.
O processo de “midiatização” significa muito mais do que a ocupação de
espaços de propaganda nos veículos de comunicação. Antes disso, significa
“mediar” (mídia = “media” (ingl.); midiatização= “mediatizzazione” (it.)), ou
seja, “passar do (im)ediato ao “mediato”, do contato direto a representação
substitutiva do evento político” .
Numa sociedade de massas, o processo de comunicação através da mídia de
massa “media” o contato dos cidadãos com eventos com os quais eles não têm
contato direto e imediato. Assim, pode-se dizer que um governo “acontece” em
dois planos: o plano
“imediato” naquele
em que os cidadãos vêem a obra e percebem diretamente os seus benefícios; e o plano “mediato”, que é a “representação
substitutiva” da obra ou do evento político.
O segundo
plano dificilmente
se sustenta artificialmente sem o primeiro. Mas o primeiro plano se dissipa e
se dissolve sem o segundo. Os governantes, que vivem no mundo “imediato”, lutam
sempre contra o risco de uma visão distorcida sobre o seu próprio governo. Eles
vêem o governo que “realmente acontece”, mas não necessariamente o governo que
é percebido de maneira mediatizada pelos cidadãos.