Carlos Newton
A sorte do PT e de seus candidatos nessas eleições,
especialmente Dilma Rousseff, é o sigilo obrigatório que cerca todo acordo
judicial de delação premiada. Como se sabe, nenhuma informação obtida nos novos
depoimentos dos presos pode ser divulgada antes da homologação dos acordos.
Quanto enfim o juiz federal Sérgio Moro ou o
procurador-geral da República Rodrigo Janot puderem liberar as informações,
pode-se garantir que “o bicho vai pegar”, como costuma prever o ministro
Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República. Mas é bem
provável que esse superescândalo nem chegue a influir na decisão dos eleitores,
pelo menos no primeiro turno, que será daqui a apenas nove dias.
O que já se sabe é que a sucessão de escândalos
levantados na Petrobras pela Operação Lava Jato tem muito mais importância do
que famoso processo do mensalão. Os dois esquemas, inclusive, eram interligados
e tinham personagens comuns, como o publicitário Marcos Valério.
PRIMEIRA
HOMOLOGAÇÃO
O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba,
homologou esta semana o primeiro acordo de delação premiada da investigação da
Operação Lava Jato. O acordo foi feito entre a defesa de Luccas Pace Júnior,
acusado de crimes financeiros e lavagem de dinheiro, e o Ministério Público
Federal. O conteúdo da delação ainda está sob segredo de Justiça. De
acordo com a investigação, Luccas era subordinado a Nelma Kodama, considerada
pelo Ministério Público a líder do grupo criminoso que operava no mercado negro
de câmbio, por meio de empresas fantasmas.
Depois, será homologado o acordo de delação premiada com
o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que já prestou
os novos depoimentos e indicou as provas de suas declarações.
Em seguida, será a vez do doleiro Alberto Youssef, já condenado
à prisão por crimes ligados ao escândalo do Banestado, no Paraná, e que na
segunda-feira enfim fez a proposta da delação premiada.
MEIRE
POZA NA CPI
Nesse meio tempo, haverá na Comissão Parlamentar de
Inquérito do Congresso o depoimento público de Meire Poza, ex-contadora do
doleiro Alberto Youssef. Nas investigações ela colaborou com a Polícia Federal
e deu impressionantes informações sobre o funcionamento do esquema criminoso
operado com recursos públicos desviados pela quadrilha.
A base aliada que domina a CPI Mista do Congresso tenta
de todas as formas adiar o depoimento. A convocação foi aprovada há duas
semanas e só falta marcar a data. Por causa da proximidade das eleições, a ida
dela à CPI pode ficar para depois do primeiro turno – dia 5 de outubro. Se a
base aliada permitir, é claro. E falta a CPI votar a convocação de Marcos
Valério.
Resumindo: se as informações sobre delações premiadas
saírem do segredo de Justiça antes do segundo turno, pode-se garantir que será
difícil, mas muito difícil mesmo, que a candidata Dilma Rousseff consiga
renovar o contrato de locatária do Planalto/Alvorada.